Meu caminho é cada manhã Não procure saber onde estou Meu destino não é de ninguém E eu não deixo os meus passos no chão Se você não entende não vê Se não me vê não entende
Não procure saber onde estou Se o meu jeito te surpreende Se o meu corpo virasse sol Se a minha mente virasse ar Mas só chove, chove Chove, chove
Se um dia eu pudesse ver Meu passado inteiro E fizesse parar de chover Nos primeiros erros Meu corpo viraria sol Minha mente viraria ar Mas só chove, chove Chove, chove (2x)
Meu corpo viraria sol Minha mente viraria Mas só chove, chove Chove, chove Meu corpo viraria sol Minha mente viraria ar Mas só chove, chove Chove, chove
‘Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!’. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma plateia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são ‘gaia’, ‘cabaré’, e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta ‘desculhambação’ não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando- se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shorts começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na plateia’, alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é ‘É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.
Ariano Suassuna
Observação: O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calipso, que ele achava (e deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de ‘forró’, e Ariano exclamou: ‘Eita que é pior do que eu pensava’. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou. Realmente, alguma coisa está muito errada com esse nosso país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachaceiro, que gosta de puteiro, ou quando uma mulher canta ‘sou sua cachorrinha’, aonde vamos parar? Como podemos querer pessoas sérias, competentes e de bom gosto? E não pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, porque tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem ‘ferro’, ‘quero logo 3′, ‘lapada na rachada’? Os homens vão e atendem. Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto… Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de ‘forró’ ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!
Leve-me através dos séculos aos anos supersônicos Eletrificando, o inimigo está se afogando nas próprias lágrimas Tudo que tenho para te dar é um amor imortal O sintoma do universo está escrito em seus olhos
Sim Sim
Mamãe Lua está me chamando de volta ao seu útero prateado O pai da criação me leva de volta ao meu túmulo roubado Sétima noite, o unicórnio está esperando nos céus Um sintoma do universo, um amor imortal
Sim Sim
Pegue minha mão, minha criança do amor venha pisar dentro das minhas lágrimas Nade no oceano mágico que tenho chorado todos estes anos Com nosso amor partirá em céus eternos Um sintoma do universo, um amor que nunca morre
Sim Sim
Mulher criança da criação do amor, venha e caminhe nos meus sonhos Em seus olhos eu não vejo nenhuma tristeza, você é tudo o que amar significa Pegue minha mão e nós iremos cavalgando pelos raios de sol lá de cima Nós encontraremos a felicidade juntos nos céus de verão do amor
E mesmo sem te ver Acho até que estou indo bem Só apareço, por assim dizer Quando convém aparecer Ou quando quero Quando quero Desenho toda a calçada Acaba o giz, tem tijolo de construção Eu rabisco o sol que a chuva apagou Quero que saibas que me lembro Queria até que pudesses me ver És parte ainda do que me faz forte E, pra ser honesto, Só um pouquinho infeliz... Mas tudo bem Tudo bem, tudo bem... (2x) Lá vem, lá vem, lá vem De novo... Acho que estou gostando de alguém E é de ti que não me esquecerei (Quando quero.... Quando quero... Quando quero... Eu rabisco o sol que a chuva apagou... Acho que estou gostando de alguém...)
Tempestade Brian Brian Especialista em não tentar Tão típico de você em nos abençoar com a sua falta de esforço Nós estamos gratos e tão estranhamente confortados.
E eu imagino Você está nos rebaixando? Porque nós não conseguimos tirar nossos olhos da combinação de blusa e gravatas.
Bem nos vemos depois, inovador.
Alguns querem beijar alguns querem lhe chutar Não há uma rede que você não consiga passar por ela Ou ao menos essa é a impressão que eu tenho Porque você é sutil e você está molhado E ela não está alerta ainda mas ela é sua
Ela estará dizendo use-me E mostre a banheira Eu imagino que está lá em um prato Sua própria taxa de encontros Mostra que você nunca vai estar assustado Em fazê-los esperar um pouco Eu duvido que seja seu estilo Não receber o que você definiu Em adquirir Os olhos estão em fogo E você é a tempestade sem previsão.
Calmo, seleto e comandando (especialista em não tentar) Você sustentou as outras histórias Com suas rendições e piadas Aposto que há cem caras Que choraram porque você roubou seu...
Trovão Você está nos rebaixando? Porque nós não conseguimos tirar nossos olhos da combinação de blusa e gravatas