Estorvo
O aço denso, o frio do medo, o terror
Teu fel na boca corre cego, amargor
Em meio ao sal, louca noite.
Quem viu no vulto, rastro, desandou
Marcado jogo / fino trato / acordou
Lança dos dados, sina, sorte me errou
Pesou no céu essa estrela
Tingido rubro rasgo queimou.
De sangue vil,
Gozar no fardo, saturar
Se lambuzar, no corpo quente se apurar
Ninguém se viu, no gole seco da manhã
Esqueço a morte, enxugo a ferida sã.
A cada passo, uma história
No vento, uma força, essa cor
São firmes os olhos que sonham no traço
Engasgo santo, o tempo intenso.
Destravo, embaço / a palma treme, lembrou
Dos filhos salvos, seu escudo, atiçou
Aflitos nós em breus laços
O gasto fio, atroz, desencapou
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